sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Questões de Sociologia (Ensino médio)




1. (UFPA,2013) O Pará é o estado brasileiro que apresenta o maior número de terras quilombolas reconhecidas pelo Estado. Em 1995, no município de Oriximiná, a comunidade de Boa Vista foi a pioneira no país a receber título coletivo de suas terras. Para a concretização deste direito, uma comunidade quilombola precisa comprovar que 

a) dispõe de registros arqueológicos pelos quais se confirme que a comunidade vive em terras que eram, anteriormente, um quilombo de escravos negros fugidos da servidão. 
b) sua identidade étnica como remanescente de quilombo é resultado de processos de resistência em relação aos grupos sociais hegemônicos. 
c) tem origem biológica negra em toda a sua população. 
d) sempre viveu isolada de outras comunidades por longos períodos de tempo, o que possibilitou a identificação de seus membros pela cor da pele. 
e) sua população mantém vivas as tradições religiosas dos primeiros escravos africanos que habitaram o território brasileiro. 

2. (UFPA,2013) As novas tecnologias da informação e comunicação tornaram-se uma realidade nas relações sociais contemporâneas e contribuem para a maior integração das pessoas neste início do século XXI. Sobre as alterações nas práticas culturais decorrentes dessas novas tecnologias informacionais, é correto afirmar: 

a) As pessoas deixaram de contatar as redes sociais já consolidadas e as substituíram por encontros presenciais realizados por meio da rede mundial de computadores. 
b) As dinâmicas das culturas vinculadas à virtualidade dos meios de comunicação consolidam a cultura popular em detrimento da cultura de massa e da indústria cultural. 
c) A violência urbana impede que sejam ampliadas as redes e grupos sociais tradicionalmente vinculados ao capitalismo, o que intensifica o uso convencional dos serviços dos correios. 
d) A educação e a religião estão apartadas do processo de utilização de mídias eletrônicas, e isso causou o afastamento das pessoas das lutas por causas sociais mais amplas. 
e) As novas tecnologias de informação e comunicação têm sido utilizadas nas ações coletivas de pessoas envolvidas com as demandas dos movimentos sociais. 


3. (ENEN, 2012) As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande maioria, vivem numa situação de exclusão e subalternidade. O termo quebradeira de coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua posição e condição desvalorizada pela lógica da dominação, se organizam em movimentos de resistência e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais, pela autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos naturais. 
ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado). 

A organização do movimento das quebradeiras de coco de babaçu é resultante da 
a) constante violência nos babaçuais na confluência de terras maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, região com elevado índice de homicídios. 
b) falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí. 
c) escassez de água nas regiões de veredas, ambientes naturais dos babaçus, causada pela construção de açudes particulares, impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos. 
d) progressiva devastação das matas dos cocais, em função do avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte brasileiro. 
e) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos babaçuais localizados no interior de suas propriedades. 

4. (UFU, 2012) Leituras comuns acerca da democracia associam seu conteúdo, exclusivamente, ao universo eleitoral. Todavia, outras dimensões da democracia são igualmente importantes, como testemunha o trecho abaixo da canção Da lama ao caos, de Chico Science e a Nação Zumbi. 
Oh Josué eu nunca vi tamanha desgraça 
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça 
Peguei o balaio, fui na feira roubar tomate e cebola 
Ia passando uma velha, pegou a minha cenoura 
Aí minha velha, deixa a cenoura aqui 
Com a barriga vazia não consigo dormir 
E com o bucho mais cheio comecei a pensar 
Que eu me organizando posso desorganizar 
Que eu desorganizando posso me organizar 
Que eu me organizando posso desorganizar [...]. 

Nessa canção, uma outra dimensão da democracia, além da eleitoral, é apresentada por meio da noção de 

a) participação política, presente no verso “Que eu me organizando posso desorganizar”. 
b) solidariedade, presente no verso “Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça”. 
c) respeito à diversidade, presente no verso “E com o bucho mais cheio comecei a pensar”. 
d) igualdade econômica e social, presente no verso “Peguei o balaio, fui na feira roubar tomate e cebola”. 

5. (UNICENTRO, 2012) A vida política não acontece apenas dentro do esquema ortodoxo dos partidos políticos, da votação e da representação em organismos legislativos e governamentais. O que geralmente ocorre é que alguns grupos percebem que esse esquema impossibilita a concretização de seus objetivos ou ideais, ou mesmo os bloqueia efetivamente. [...] Às vezes, a mudança política e social só pode ser realizada recorrendo-se a formas não ortodoxas de ação política. 
GIDDENS, A. Sociologia. 4. ed. Tradução Sandra Regina Netz. Porto Alegre : Artmed, 2008. 

Há um tipo comum de atividade política não ortodoxa, que busca promover um interesse comum ou assegurar uma meta comum através de ações fora das esferas institucionais, que se chama de 
a) interação social. 
b) mobilidade lateral. 
c) movimento social. 
d) princípio preventivo. 
e) movimento de acomodação urbana. 

6. (UNICENTRO, 2010) “A ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se pela ação de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança por ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas de defesa diante de ataques futuros). Os ´outros` podem ser individualizados e conhecidos ou um pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos” 

(Max Weber. Ação social e relação social. In M.M. Foracchi e J.S Martins. Sociologia e Sociedade. Rio de Janeiro, LTC, 1977, p.139). 

Max Weber, um dos clássicos da sociologia, autor dessa definição de ação social, que para ele constitui o objeto de estudo da sociologia, apontou a existência de quatro tipos de ação social. Quais são elas? 
a) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores, ação racional com relação a fins. 
b) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional e ação carismática. 
c) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores, ação política com relação a fins. 
d) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a fins, ação racional com relação a valores. 
e) Ação tradicional, ação emotiva, ação racional com relação a fins e ação política não esperada. 

7. (UEMA, 2012) No conjunto da sua Sociologia compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber define ação social como ação 
a) racional em que o agente associa um sentido objetivo aos fatos sociais. 
b) desprovida de sentido subjetivo e motivacional. 
c) humana associada a um sentido objetivo. 
d) cuja intenção fomentada pelos indivíduos se refere à conduta de outros, orientando-se por ela. 
e) não orientada significativamente pela conduta do outro em prol de um bem comum. 

8. (UNICENTRO, 2012) Do ponto de vista do agente, o motivo é o fundamento da ação; para o sociólogo, cuja tarefa é compreender essa ação, a reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva, ele figura como a causa da ação. Numerosas distinções podem ser estabelecidas e Weber realmente o faz. No entanto, apenas interessa assinalar que, quando se fala de sentido na sua acepção mais importante para a análise, não se está cogitando da gênese da ação, mas sim daquilo para o que ela aponta, para o objetivo visado nela; para o seu fim, em suma. 
COHN, Gabriel (Org.). Max Weber: sociologia. São Paulo: Ática, 1979. 

A categoria weberiana que melhor explica o texto em evidência está explicitada em 

a) A ação social possui um sentido que orienta a conduta dos atores sociais. 
b) A luta de classes tem sentido porque é o que move a história dos homens. 
c) Os fatos sociais não são coisas, e sim acontecimentos que precisam ser analisados. 
d) O tipo ideal é uma construção teórica abstrata que permite a análise de casos particulares. 
e) O sociólogo deve investigar o sentido das ações que não são orientadas pelas ações de outros. 

9. (UEMA, 2012) Qual das alternativas abaixo corresponde à definição de Max Weber sobre o Estado Moderno? 
a) Comitê executivo dos negócios de toda a burguesia. 
b) Comunidade humana que, dentro dos limites de um determinado território, reivindica o monopólio da força legítima. 
c) Representante de uma das classes fundamentais. 
d) Instrumento de dominação de uma classe sobre a outra. 
e) Representante da burocracia pública. 

10. (UNIOESTE, 2012) Para Max Weber a economia capitalista não é marcada pela irracionalidade e pela “anarquia da produção”. Ao contrário de Karl Marx, que frisava a irracionalidade do capitalismo, para Weber as instituições do capitalismo moderno podem ser consideradas como a própria materialização da racionalidade. Segundo Weber, uma das características do capitalismo moderno é a estrutura burocrática com instituições administradas racionalmente com funções combinadas e especializadas. Para o sociólogo alemão, o controle burocrático é marcado pela eficiência, precisão e racionalidade. Considerando a importância do tema da burocracia na obra de Weber, é correto afirmar que 
a) Marx Weber identifica a burocracia com a irracionalidade, com o processo de despersonalização e com a rotina opressiva. A irracionalidade, nesse contexto, é vista como favorável à liberdade pessoal. 
b) segundo Weber, a ocupação de um cargo na estrutura burocrática é considerada uma atividade com finalidade objetiva pessoal. Trata-se de uma ocupação que não exige senso de dever e nenhum treinamento profissional. 
c) na burocracia moderna os funcionários são altamente qualificados, treinados em suas áreas específicas, enfim, pessoas que tem ou devem ter qualificações consideradas necessárias para serem designadas para tais funções. 
d) para Weber, o elemento central da estrutura burocrática é a ausência da hierarquia funcional e a obediência à ordem pessoal e subjetiva. 
e) a burocratização do capitalismo moderno impede segundo Weber, a possibilidade de se colocar em prática o princípio da especialização das funções administrativas. 

11. (UFU, 2012) Nas Ciências Sociais, particularmente na Ciência Política, definir o Estado sempre foi uma tarefa prioritária. As tentativas nesta direção fizeram com que vários intelectuais vissem o Estado de formas diferentes, com naturezas diferentes. Numa palestra intitulada Política como vocação, Max Weber nos adverte, por exemplo, que o Estado pode ser entendido como uma relação de homens dominando homens. No trecho da canção d´O Rappa, Tribunal de Rua, dominação é o que se percebe, também, na relação entre cidadãos e policiais (braço armado do Estado). 

A viatura foi chegando devagar 
E de repente, de repente resolveu me parar 
Um dos caras saiu de lá de dentro 
Já dizendo, aí compadre, você perdeu 
Se eu tiver que procurar você tá fodido 
Acho melhor você ir deixando esse flagrante comigo [...]. 
O Rappa. Lado A Lado B. Warner, 1999. 

A partir da perspectiva weberiana, relacionada ao trecho da canção acima, evidencia-se que a dominação do Estado 

a) é exercida pela autoridade legal reconhecida, daí caracterizar-se fundamentalmente como dominação racional legal. 
b) é estabelecida por meio da violência prioritariamente exercida contra grupos e classes excluídos social e economicamente. 
c) ocorre a partir da imposição da razão de Estado, ainda que contra as vontades dos cidadãos que, normalmente, àquela resistem. 
d) a exemplo da dominação de outras instituições, opera de forma genérica, exterior e coercitiva. 


8. (Unicentro 2011) Os sociólogos Karl Marx e Marx Weber se detiveram na análise da modernidade europeia, embora com métodos diferentes. Assinale como verdadeira a afirmativa que corresponde às analises de Max Weber sobre a sociedade. 

a) A vida moderna estimula a formação de um indivíduo calculista, racional e impessoal, refletindo a tendência da exploração dos trabalhadores e da transformação do trabalho em mercadoria. 

b) A dimensão cultural é fundamental para compreender a modernidade, pois o capital e seu acúmulo são tidos como um dever moral que deve ser perseguido de forma racional e disciplinada. 

c) A divisão social é um fenômeno da modernidade e sua função moral é integrar funções diferentes e complementares que, de outra forma, causariam a perda dos laços comunitários. 

d) A ação social, na sociedade moderna, é motivada apenas por interesses econômicos, porque os meios para produzir estão concentrados nas mãos de apenas uma classe social. 

e) A expansão da produção capitalista teve como base a separação entre trabalhadores e os meios de produção, assim como a disseminação da propriedade privada. 

12. (UFU, 2011) Na concepção de Weber, a política é uma atividade geral do ser humano. A atividade política se desenvolve no interior de um território delimitado e a autoridade política reivindica o direito de domínio, ou seja, o direito de poder usar a força para se fazer obedecer. Se há obediência às ordens, ocorre uma situação de dominação. Sobre os tipos de dominação, assinale a alternativa correta. 


a) A dominação legal racional é a mais impessoal, pois se baseia na aplicação de regras gerais aos casos particulares. 

b) O patrimonialismo é o tipo mais característico de dominação legal racional. 

c) A forma mais típica de dominação tradicional é a burocracia. 

d) A dominação carismática constitui um tipo bastante comum de poderio, na medida em que se baseia na crença em qualidades pessoais corriqueiras. 


13. (UNICENTRO, 2011) Max Weber, um dos fundadores da Sociologia, tinha amplo conhecimento em muitas áreas afins a essa ciência, tais como economia, direito e filosofia. Assim, ao analisar o desenvolvimento do capitalismo moderno, buscou entender a natureza e as causas da mudança social. Em sua obra, existem dois conceitos fundamentais, ou seja, 

a) cultura e tipo Ideal. 
b) classe e proletariado. 
c) anomia e solidariedade. 
d) fato social e burocracia. 
e) ação social e racionalidade.

14 ( UENP, 2013) Quando desempenho meus deveres de irmão, de esposo ou de cidadão, quando me desincumbo de  encargos que contraí, pratico deveres que estão definidos fora de mim e de meus atos, no direito e no  costume”. Ainda exemplificando o mesmo conceito, refere-se Durkheim ao “sistema de sinais de que me  sirvo para exprimir pensamentos, o sistema de moedas que emprego para pagar dívidas, os instrumentos  de crédito que uso nas relações comerciais, as práticas seguidas nas profissões (...)”.

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico, 4ª ed. Trad. de Maria Isaura Pereira Queiroz, São Paulo, Editora Nacional, 1966, p. 96.  Para Durkheim, quais elementos caracterizam um fato social?

 a) Exterioridade, generalidade e organicidade social.
 b) Coercitivade, generalidade e interatividade social.
 c) Exterioridade, coercitividade e generalidade.
 d) Liberdade, coercitividade e solidariedade.
 e) Coercitividade, dignidade humana e organicidade social.

15. ( UENP,2013)  A Sociologia surgiu tendo em vista diversas situações vinculadas às revoluções:

 a) Russa e Mexicana
 b) Francesa e Russa
 c) Mexicana e Francesa
 d) Francesa e Industrial
 e) Mexicana e Chinesa

16. ( UENP,2013)  Augusto Comte fala da passagem da humanidade por estágios para atingir o estágio positivo, que seriam progressivamente:

 a) estágio metafísico, estágio teológico, estágio positivo.
 b) estágio matemático, estágio físico, estágio positivo.
 c) estágio teológico, estágio metafísico, estágio positivo.
 d) estágio antropológico, estágio teocêntrico, estágio positivo.
 e) estágio teleológico, estágio científico, estágio positivo.


50 anos de 1964: momentos decisivos


XII Encontro Nacional de História Oral

Na ocasião da comemoração de seus 20 anos, a Associação Brasileira de História Oral (ABHO) tem a satisfação de convidar a comunidade de pesquisadores para o XII Encontro Nacional de História Oral, evento que ocorrerá em Teresina entre os dias 06 e 09 de maio de 2014, no Campus Senador Ministro Petrônio Portella da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

O XII Encontro Nacional de História Oral tem como tema "Política, Ética e Conhecimento". A história do campo da história oral no Brasil está profundamente relacionada aos desafios da transição democrática nos anos 1980 e, inicialmente, à investigação sobre elites políticas e trabalhadores. Na ocasião da comemoração dos 20 anos da ABHO, as manifestações políticas recentes que tomaram as ruas das principais cidades brasileiras em 2013 sinalizam a presença de novos desafios próprios da experiência democrática e colocam na ordem do dia o debate sobre as relações entre participação política, ética, elaboração e divulgação de conhecimento.

Pensamento Social e Político Brasileiro

   Importantes nomes do pensamento social brasileiro e temas como: abolicionismo, coronelismo e ideia de Brasil podem ser conferidos na série de documentários "Tempo e História" realizada pela TV Justiça. Trazendo elementos da biografias de  grandes nomes como Victor Nunes Leal, Tobias, Barreto, Joaquim Nabuco... os documentários  demonstram importantes elementos  históricos que  explicitados nas principais interpretações do Brasil. Os documentários podem ser visualizados no site da  TV Justiça ou youtube.  Abaixo deixando indicados  três links. Vale a pena conferir! 





                          Ruy Barbosa                        Tobias Barreto                 Joaquim Nabuco                               

                                                                      Victor Nunes Leal

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Seminário Internacional Carajás



O Programa Carajás tem provocado, desde sua criação, inúmeros impactos sociais, econômicos, culturais e ambientais, transformando a realidade em vários municípios no Pará e no Maranhão e mobilizando milhares de pessoas na resistência e contestação à lógica do “desenvolvimento” propagandeada por um modelo desenvolvimentista baseado nos chamados grandes projetos.

Após 30 anos de mineração, siderurgia e projetos de “desenvolvimento regional”, implementados a partir do Programa Grande Carajás, faz-se necessária e urgente uma avaliação crítica dos processos desencadeados por esse grande investimento.

Nesse sentido, procurando dar continuidade e reavaliar os resultados obtidos no “Seminário Consulta Carajás”, que foi realizado por movimentos sociais e pesquisadores universitários na região entre 1992 e 1995, uma ampla rede de movimentos sociais e comunitários, sindicatos e pastorais nos estados do Pará e Maranhão , bem como grupos de estudos e pesquisas de universidades desses dois estados, em colaboração com várias entidades de outras regiões do país e do mundo, articularam-se para organizar o Seminário Internacional “Carajás 30 anos:resistências e mobilizações frente a projetos de desenvolvimento na Amazônia Oriental”.


O Seminário Internacional “Carajás 30 anos” é um processo amplo, que contará com seminários preparatórios em Imperatriz (já realizado, no período de 16 a 18 de outubro de 2013), Marabá (14 a 16 de março de 2014), Santa Inês (21 e 22 de março de 2014) e Belém (10 a 12 de abril de 2014). As etapas preparatórias culminarão com a realização do Seminário Final em São Luís, a ser realizado na Universidade Federal do Maranhão, no período de 05 a 09 de maio de 2014. O evento contará com a participação de professores, pesquisadores, estudantes do ensino básico, superior e de pós-graduação, militantes sociais, lideranças comunitárias, assessores e especialistas na questão dos movimentos socioambientais da Amazônia, do Brasil e de outros países da América Latina e da África.

Site do evento
INSCRIÇÕES


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NOVA COMPOSIÇÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

                                                                                          Por: Eliane Ramira Sousa Lopes*




Rodrigues, doutor e livre-docência em Sociologia pela USP e titulação em Ciência Política pela mesma instituição, desenvolveu em sua obra Mudanças na Classe Política Brasileira uma análise sobre a composição socioprofissional na Câmara dos Deputados (CD), ele tenta detectar sociologicamente as mudanças na Câmara dos Deputados após os resultados das eleições de 1998 (51ª Legislatura) e de 2002 (52ª Legislatura), sua obra está estruturada em 6 (seis) capítulos, além da apresentação e conclusão.

Combinando abordagens quantitativas e qualitativas, o autor aponta as transformações na CD. Nesse sentido, utiliza tabelas, apresentadas em todos os capítulos, com as quais intenciona mostrar a origem dos políticos que passaram a ocupar a CD na 52ª Legislatura em comparação com a 51ª Legislatura, e se propõe em analisar a entrada de novas pessoas no cenário político.

Como ponto de partida faz uma comparação da organização social da totalidade dos deputados eleitos na 51ª Legislatura com as da 52ª, para tanto, investiga a formação socioprofissional das bancadas dos partidos nestas duas legislaturas, buscando identificar as transformações nas fontes de recrutamento para entender se o aumento ou diminuição quantitativo das legendas repercutiu no peso relativo dos segmentos profissionais e ocupacionais no interior da CD.

Metodologicamente priorizou a classificação dos deputados com base na última atividade profissional ou ocupacional que eles obtinham antes do primeiro mandato, pois para Rodrigues, conhecer a última atividade/ emprego seja privado ou público, o permitiria identificar o status social deste político por profissão. Para a realização do seu objetivo se utilizou dos perfis biográficos existentes no site da Câmara dos Deputados.

No primeiro capítulo são ressaltadas as mudanças partidárias na Câmara dos Deputados. O autor sublinha as transformações partidárias entre a eleição de1998 e de 2002, assim pôde perceber que nestas últimas eleições os partidos considerados de centro obtiveram uma considerável diminuição, incidindo na perda do espaço ocupado pelos partidos de “direita”. Já nas eleições de 1998 os partidos de centro-direita, mais especificadamente a coligação PSDB – PFL (atual DEM) foram os mais beneficiados com a numerosa vitória na Câmara de Deputados e com a eleição de Fernando Henrique Cardoso. Entretanto, no ano de 2002 este quadro reverteu-se, os partidos considerados de esquerda começaram a ganhar espaço devido a falta de prestígio do governo anterior e ao contínuo crescimento eleitoral do candidato Lula.

A partir desta verificação, o autor busca conhecer as mudanças nas origens sociais dos políticos e mostra o alavancamento da popularização da classe política brasileira decorrente das eleições de 2002, realiza, portanto, uma sociografia por meio de um levantamento da composição da Câmara dos Deputados e dos partidos nela representados. Ele apresenta as modificações entre as duas legislaturas por meio de várias tabelas, de início ele mostra uma tabela com uma visão geral da diferença de representatividade das respectivas posições dos partidos (direita, centro e esquerda), nas duas legislaturas.

No decorrer de sua obra, se refere aos partidos os identificando como de direita, esquerda e centro, porém, o autor não embasou claramente como se formou sua classificação do pertencimento dos partidos em suas respectivas posições. Sua classificação dos partidos correspondeu com o seguinte arranjo: Direita considerou- se: PFL (atual DEM), PP (ex-PPB), PTB, PL, PSD, Prona, PSL e PSDC. De centro levou em consideração: PMDB e PSDB. Por sua vez, os de esquerda ficaram o PT, PDT, PSDB, PCdoB, PPS, PMN e PV.

No segundo capítulo, Rodrigues destaca as profissões da profissão política, mostrando a popularização da classe política, em que o poder das elites deixa de ser maioria por meio de tabelas identifica o recrutamento das profissões oriundas dos deputados com as respectivas mudanças e continuidades. Rodrigues toma como ponto de referência a última atividade profissional ocupada pelo político. Observa que o principal celeiro de políticos continua sendo o empresarial, porém de forma reduzida, visto que outras profissões ganharam espaço neste cenário político de 2002, como profissionais liberais, funcionários públicos e o magistério (docentes universitários e docentes do ensino elementar público).

No terceiro capítulo o autor apresenta as fontes secundárias de recrutamento político, percebe que apesar de haver ocupações pouco numerosas no mercado de trabalho, mas que são super-representadas nos organismos políticos. As profissões secundárias observadas por ele, de relevância no poder legislativo, são os comunicadores, os pastores, os políticos (estes agentes não possuíam outra ocupação antes do cargo legislativo, assim o autor os denomina, com certo exagero, de políticos, visto que sempre viveram no cenário político).

 Faz um levantamento em que detecta profissões significativas que compõem a CD, observa que há grande parte de profissionais comunicadores, que juntamente com os professores, advogados, pastores e sindicalistas constituem a ala dos profissionais da palavra e da escrita, que segundo o autor são atividades que desenvolvem ou aprimoram a arte da oratória e do convencimento, essencial para a ascensão na política. Observa que o número de deputados que integrou a categoria de comunicadores na CD não é grande, embora bem elevado se comparado ao número desses profissionais no mercado de trabalho.

A camada de pastores merece destaque, pois cresceu consideravelmente na 52ª Legislatura, 2002, ele aponta uma inclinação para duas igrejas protestantes, as quais somadas dão 80%, a IURD (46%) e Assembléia de Deus (34%), observou que grande parte dos pastores por profissão, principalmente da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) têm vínculos com os meios de comunicação. Constatou que estas duas igrejas indicam seus candidatos, porém a IURD possui um método próprio de fazer política, visto que induz seus fiéis a votarem no “candidato oficial”, enquanto a Assembéia dar liberdade aos seus fiéis a votarem em que desejarem.

Em relação ao quarto capítulo ele se preocupa com os efeitos sociais da volatilidade partidária, o qual identifica os perfis partidários e a diferenciação social nas fontes de recrutamento indicam, ademais, ressalta que os meios de origem influenciam, numa extensão difícil de medir, as opções individuais quanto aos partidos escolhidos como porta de entrada na vida pública e, posteriormente, para a continuidade política.
Destaca também que há as profissões modernas em crescimento no espaço da Câmara, o autor as identifica como economistas, sociólogos, geólogos, contadores, arquitetos e assistentes sociais, vem das regiões mais desenvolvidas, maioria destes profissionais se encontra no PT.

O quinto capítulo é voltado ao sindicalistas na política, ressalta que a área sindical proporciona benefícios aos trabalhadores e os leva a fazer carreira sindicalista, por conseguinte, facilitou a porta de entrada destes profissionais  para a CD na 52ª legislatura. Este novo cenário reforçou o peso das camadas médias assalariadas, contribuindo para reduzir o espaço ocupado pelos políticos que vieram das classes proprietárias, dos homens de negócios, dos grupos de renda elevadas e dos setores empresariais.

Segundo Rodrigues a militância sindical foi essencial para levar pessoas sem outros recursos e trunfos pessoais para uma instância importante do sistema político nacional, e estes ex-sindicalistas em termos ideológicos contribuíram para o crescimento dos partidos de esquerda, especialmente o PT nas eleições de 2002.

O sexto capítulo intitulado veteranos e novatos: controlando a extensão da mudança,  é evidenciado que no Brasil é aparentemente fácil um candidato se eleger para a CD sem primeiramente passar por qualquer cargo eletivo. O autor verificou que em 2002 houve uma porcentagem de 42,3% de deputados que adentraram no cenário político diretamente pela Câmara dos Deputados. E em se tratando de eleitos deste ano de 2002, mas que não tinham sido eleitos em 1998, porém já tinham sido deputados anteriormente, Rodrigues denomina- os de novos veteranos.

A maior parte da renovação das bancadas na 52ª Legislatura se concentrou nos partidos de esquerda, a esta ocorrência deve-se o fato de um significativo aumento de vaga nesta bancada. É apresentado por tabelas o número em porcentagem de novos candidatos e candidatos reeleitos para a CD.

A partir de suas verificações o autor inferiu que a elevada rotatividade nas bancadas dos partidos de esquerda tem a ver com as mudanças socioeconômica no corpo parlamentar.  O grande aumento de deputados que passou a ocupar a CD nas eleições de 2002 proveram principalmente no espaço dos sindicatos, do setor público, do magistério, dos pastores, os técnicos e o próprio meio político.

Rodrigues finaliza enfatizando que a entrada de políticos originários das classes populares e médias, além de poder ser interpretada como uma massificação da política, ou seja, uma popularização da política, também pode ser vista como uma democratização social de nossa vida política. Esclarecendo que a maior parte de renovação, tendo significativo número de deputados oriundos de classe popular foi concentrado na bancada de esquerda. E na luta para a ascensão política, os candidatos utilizam os meios que dispõem.

ReferênciaRODRIGUES, Leôncio Martins. Mudanças na Classe Política Brasileira. São Paulo: Publifolha, 2006.


* Graduada em Ciências Sociais e mestranda pelo Programa de Pós graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão.